quarta-feira, setembro 30, 2009

Selo Vermelho

A caixa vermelho carmim, com detalhes dourados
O homem andando sempre, pra não se sabe onde
Mas sempre andando
Destilada, misturada léxica e morfologicamente
E engarrafada na escócia
Onde homens de barba vermelha tocam
um instrumento monotônico e usam saias
Letras em alto relevo e minha face no chão molhado
Arenoso, da calçada.
Um brasão da dinastia, com cavalo e leão,
que aludem a um reino forte. Um homem fraco
No chão. Pensando. A garrafa seca.
Ódio e impunidade, impotência.
Falta completa de significado. Desconexão.
Desconjuro pé de pato mangalô três vezes.
Durmo. Sonho em andar, mais uma vez.

domingo, maio 10, 2009

Flores Neon

Para Laís.


O ar gelado da madrugada tocava seu rosto, acariciando-o com seus dedos frios. O cheiro de natureza estava por ali, em algum lugar – Talvez apenas em sua mente. Um trago, um pensamento. Entre tantos caiu um que gritava, chorava, pedia. Pegou-o, esbofeteou-lhe e enfiou dentro de uma caixa escura. Um alegre girando estava de saia rodada colorida, e um laço de fita. Outro velho e acabado estava dizendo nostalgias, impropérios, e reclamando. Todos pareciam fazer parte de um todo desconexo. Um branco, voando, livre. Um azul, perdido. Um vermelho, mordendo os lábios de angústia, de luxúria.
Fazendo nada jus a uma noite vazia sua mente estava cheia, povoada. Um deles pulou e estrangulou-o, com força. Um carro passou e buzinou. Sua cara de espanto na sacada de seu apartamento era como uma profecia de culpa. E depois vieram dois mais, negros, lindos, como corvos. Que balançavam em um balanço sorrindo vaziamente. Um caiu e o outro voou numa brisa leve. O pandemônio continuou sobre chuva de sal, chuva de lágrimas, e impressionado ficou quando percebeu que seus sentimentos podiam interferir nessa reunião – feita com intuito de promover a desordem – e posteriormente, percebeu que seus sentimentos também eram pensamentos e ocupavam sua mente para dar-lhe o troco. Tomar controle. O seu desejo de identificação com a unidade, e com a criação, já era nulo. Apenas se entregou ao inevitável.
Em frente a sua casa brilhava uma flor em neon. Vermelha pulsante. Um letreiro de estrondosa beleza urbana. Apenas adormeceu com os murmúrios de seus demônios interior, desejando apenas não sentir-se despedaçado, rachado, amanhã.
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