terça-feira, fevereiro 05, 2013

Por trás de seus detalhes.


Queria estender-lhe a mão e afastar os fios de cabelo que lhes tocam a face, pô-los por detrás de sua orelha para olhar em seus olhos negros, fundos, e entender o que escondes por trás de tantas minúcias. De tantas mãos nervosas e trêmulas, com unhas levemente roídas, fazendo dançar entre os dedos uma chave - seria de sua casa? - queria entender o que se passa por detrás desse profundo rio plácido. As suas águas tenho certeza que transbordam calmas para lhe refletir na face essa mansidão de menina-mulher serena, mas por trás de suas nuanças esconderias tu águas caudalosas e cálidas, turbulentas e de impetuosa paixão que te fraquejariam as pernas e me trepidaria o juízo. E seu juízo, queria compreender por trás dessa tua saia rodada de moça e me emaranhar nela como se me deitasse no campo das flores da qual é composta, para sentir-lhe o cheiro e garantir que minhas mãos entendam sua textura e a gravem em uma memória particular e inacessível. Entenderia melhor seus mecanismos e seus meandros se te possuísse de uma maneira maléfica, a fim de te fazer mal, todo mal que me causas, mas extenuante mal, para que finalmente sua língua deslizando entre os dentes me contasse uma verdade que já desconfiava? E sentiria seu hálito próximo ao meu a me embriagar, em um lânguido pecado com gosto de sal e terra vermelha, e tuas unhas em minhas costas, em meu corpo que almejara em teus mais limpos lençóis, com tua boca mais vermelha a me beijar como se não houvesse amanhã, em tuas pernas montadas como um lindo esquadro - será então que entenderia o que se passa por trás desse espesso véu de secreta cumplicidade quando me olhas? Às suas minúcias jaz, quase invisível, uma aura que a faz emitir calor, porém imperceptível aos tolos.

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